quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mais duas especies novas



Pois é verdade não uma, mas duas espécies novas
Há dias assim, que nos trazem um gosto especial.
O dia 12-01-2011, foi para mim um desses dias.
Fui pescar com o meu tio Jaime Beato.
O dia iniciou-se assim, como vêm na foto acima, às 7:00 da manha.
Iscas prontas, sardinha, lula, ameijoa, petinga e camarão.
Material verificado, montagens feitas.
7:45 já estava o meu tio a dizer que tinha chegado.
8:30 já estávamos dentro de agua.
Iniciamos a pesca logo ali, a poucos metros da rampa da Mitrena.
A vazante permitia o aproveitamento da deriva para a pesca ao choco.
Já estavam lá algumas embarcações, à pesca dos ditos.
O Sado parecia um lago,  as correntes fortes do inicio da baixa-mar, faziam correr bem a chumbada no fundo.
Estava assim, como vos mostro nas fotos abaixo, um lago, com o tom de agua, assim para o verde escuro cheio de matéria orgânica, algas e vegetais.

O palhaço do dia, o azul, para não variar, nas ultimas idas ao choco, com a agua assim nestes tons mais escuros, tem dado capturas, por isso continuei com ele.
E mais uma vez não me deixou ficar mal, mas foi a sua ultima pescaria.
Coitado, muito aguentou ele, até já tinha de estar sempre a por os paninhos da barriga para dentro, estavam sempre a soltar-se. Também por 1€, muito ele aguentou, na luta, lá em baixo quer nas minhas mãos, quer nas mãos do Ricardo Alentini, que também pescou com ele na primeira pescaria ao choco que fizemos este ano.
Achei por bem fazer-lhe uma dedicação, ao palhaço azul, que deu mais de 30 capturas este ano.
Já tem um irmão gémeo, pronto a ocupar o seu lugar.
O meu tio, fabricou um palhaço branco e estava em pulgas para o testar.
A coisa correu bem para o meu lado, até ao momento em que ficamos os dois sem palhaços ao mesmo tempo. Prendeu, possivelmente em alguma rede ou cabo, que estão espalhados por ali.
Bem, resultado final 10 a 2. O azul bateu o branco.
12 chocos no balde e lá vamos nós lá para fora à pesca ao fundo.
Tinha estado por aqui a ver os mapas de pesca, e já andava para ir lá fora, a uma pedra grande que ficava ali perto dos 70 metros de profundidade.
Nesta altura, aconselham-me a ir lá mais fora, porque as aguas estão mais frias e supostamente o peixe está menos perto da costa.
E assim fiz, fui novamente à procura.
Desta vez num fundo novo, de lama.
Andei lá a rondar a pedra, sondei ali um pouco à volta dela, mas marcações na sonda nem vê-las.
Nada por onde passei, pelo menos que visse na sonda.
Resolvi vir mais para dentro, sempre a sondar devagar. Até que vi uma marcação na sonda, o melhor que já tinhamos visto hoje, uns verdes e um pouco de amarelo ali pelos 56 metros.
Resolvemos ficar por ali. Já eram já cerca da uma e meia da tarde, quando começamos a pesca no novo
local.

Linha: multi-filamento 0.25, chicote 15/20m mono-filamento 0.40
Montagens Fluorcarbono:  Madre 0.50 +/- 2 m, Estralhos 0.35 e 0.40 +/- 60/80 cm.
Anzois 1/0 e 2/0, chumbada 175 gr.

Vai de começar a iscar sardinha, grandes iscadas para tentar iniciar o festim, parando a linha duas a três vezes pelo meio, isto para diminuir o seio da linha, face à corrente sentida no local e à sua profundidade.
Novamente dicas do mestre Ernesto, que fazem todo o sentido, e os resultados sente-se na linha e na ferragem.
Picadas matreiras, muito suaves, iscas para cima e pequenas mordidas na sardinha. Peixe pequeno penso eu.
Vai de substituir iscas, novamente sardinha, para variar, que eu ultimamente nem toco no camarão pois a boga é muita a vir ao camarão, é sem duvida a isca que elas mais gostam, o meu tio que o diga.
Segunda iscada, sardinha em baixo, lula em cima.
Levei lula pela primeira vez, após conversa com o mestre Ernesto Lima, resolvi tentar também a lula.
É uma isca mais resistente que a sardinha e quando eles andam a comer assim, pensando eu que eram os pequeninos lá em baixo, a lula resiste mais no anzol.
Bem, novos toques um pouco mais sentidos mas nada de especial.
Vai de subir iscas a sardinha não estava lá e a lula estava desfeita.
Terceira iscada, duas belas postas de sardinha, que quase que não cabiam nos anzóis, sardinha grande esta que levei, comprei-a congelada no pingo doce.
Novamente, duas a três paragens de saída de fio do carreto, para a chumbada fazer força e o seio ser menor. 
Assim que a chumbada caiu lá em baixo, ainda enrolei um pouco de fio. O suficiente para que quando colocasse a cana na horizontal a chumbada tocasse no fundo e fique prontinha para a ferradela.
Estas pequenas coisas, ou estes pequenos pormenores, como lhe quiserem chamar, fazem certamente alguma diferença na acção de pesca. Sinto que isto é uma constante evolução. Vou conjugando todas estas pequenas variaveis e apercebo-me que não pesco como pescava aqui à um ano. Estou mais atento a outros pormenores que não estava na altura. Também porque a pratica faz melhorar algo que não faziamos tão bem no passado, deixando assim mais atenção para variáveis novas que não pensava e fazia anteriormente.
É assim a pesca, uma evolução que depende sempre de muitos factores, mas cabe-nos a nós praticar e reduzi-los ao máximo, porque alguns são mesmo uma questão de pratica, com por exemplo iscar bem, ver o tamanho das iscas em relação ao anzol, a meu ver é uma questão de pratica, é outro pormenor que ultimamente dou muito mais importância. Outro, levantar a chumbada e saber se esta lá a isca ou não, pelo peso da mesma.
Algo que certamente será mais difícil de fazer com bocadinhos de camarão.
Ai a sardinha, se eu não fosse teimoso......
No fundo, são pequenas coisas que não fazia aqui à um ano e que faço agora, bem como aquelas que referi acima, o tamanho da isca em relação ao anzol e estralho e a paragem da linha, para reduzir o seio.
Quatro pequenos pormenores, que juntos, certamente melhoram a acção de pesca.
Bem, voltando aonde estava, terceira iscada sardinha no anzol de cima e de baixo, e cana prontinha a ferrar.
Primeiro toque médio, espero pelo segundo e ferro alto.
Levei dois bons esticanços, após a ferragem, e a embraiagem do carreto começou a funcionar, pensei que poderia ser uma dourada, ou um dos pargos de Sines, daqueles maiores que 1 kg. Mas não, após o levar da linha inicial, só sentia o peso e cabeçadas nada.
Que coisa, o que é isto será um polvo. Outro pormenor interessante que me lembrei agora, sinto que depois de alguma pratica da pesca embarcada, já consigo destingir a luta de alguns peixes antes de eles chegarem cá acima.
Mas esta foi uma que fiquei na duvida do que seria. Mas era bicho, pelo peso que fazia, pensei que fosse um polvo já grandinho, mas não, era a minha primeira Raia.
E eu que já tinha estado a chorar, como costuma fazer o meu tio quando vai comigo à pesca.
Diz que chora para pedir que venha peixe.
Não chora no verdadeiro sentido da palavra. Dizemos chorar, como um termo utilizado para falar com o Neptuno, pedindo que venha algum peixe bom.
Tinha dito ao meu tio que hoje gostaria de apanhar uma espécie diferente para poder actualizar o Blog.
Chorar no fundo, isto porque sabia que o outro fundo, o novo fundo de lama, poderia dar azo a espécies novas.
E assim foi, a primeira Raia, que vos passo a mostrar.


Estava feliz, já nada poderia estragar o meu dia de pesca, já tinha o meu pedido tratado e o sorriso não saia da minha face.
Eu até tive medo de agarrar no bicho. Foi de alicate que o tirei do xalavar, alias nota-se mesmo na raia, aquela marca do alicate mesmo no bico da frente lado esquerdo.
Esta tem mais de três kg. Foi mais um troféu para mim, que sou tenrinho na matéria da pesca.
Mas a coisa não ficou por aqui, pouco depois, veio a segunda espécie nova, em termos de capturas.
Bem a minha felicidade interior estava ao rubro, então não é que veio um ser do outro mundo no meu anzol de baixo.
Mais uma vez, tinha levado um daqueles bocados XL de sardinha no anzol 2/0 de baixo.
 

Um verdadeiro alien do mar este menino chamado Charroco.
Mais um para as novas capturas.
Não tem medida mínima de captura, pelo menos que eu saiba.
E hoje, após ver informação do mesmo na Internet, muito embora, como referi, não tenha medida mínima de captura, mas teria soltado o bicho. É que vi que nem atingiu a sua maturidade sexual. O coitado é virgem certamente e segundo o que li é pequeno.
O Neptuno estava lá, a satisfazer os meus pedidos, isto sempre no traves de estibordo da embarcação, ali mesmo ao lado da transmissão, local onde pesco habitualmente.
Posso vos dizer que até hoje, fora de agua,  foi o peixe mais resistente que já vi.
Já passaram cerca de 10 horas que está a seco e ainda está vivo.
Foi assim para o frigorífico, não queria mata-lo, amanha trato dele, para fazer um arroz para dois. 
E a coisa continuou, uma sarda grande, um besugo, que penso que foi o maior que apanhei até hoje e um pouco depois nova cabeçada dupla e a luta em tudo semelhante à anterior mas desta vez um pouco mais pesado.
E não é que veio a segunda.



Ui nem vos digo, o meu ego estava ao máximo neste momento.
O meu tio até começou a pescar para o meu lado, dizendo que o peixe estava todo ali.
Continuei a minha luta e uma choupa e outro besugo, desta vez já com lula no anzol de cima.
Quatro e meia da tarde hora de abalar.





Partida por volta das quatro e meia, tendo o mar caído por completo,como podem ver nas fotos acima,  excelente para a navegação de regresso.
Aqui fica a nossa pescaria, um dia bem passado, sendo que para mim, alem do dia bem passado, foi um óptimo dia de pesca.
Ao meu tio, tenho a dizer:
Tio o que interessa é estarmos lá, independente de apanhar peixe ou não.
De preferência que apanhemos peixe, mas ontem, não foi o teu dia.
Outros certamente virão para nos trazer mais alegrias e para te poderes vingar deles.


E assim me despeço, que já passa da uma e meia da manha, mas queria deixar isto pronto hoje, enquanto está fresco na mente.

6 comentários:

Anónimo disse...

Boas Amigo
Durante a epoca das corvinas no tejo costumo apanhar dezenas de "tamboris" desses como é claro vão todos para a agua,Chamo-lhe o "tamboril do tejo" e de nome casual Xarroco..

Marco Aurélio disse...

Boas
sabado la vou eu la fora pescar um pouco,vais tambem?
e o peixe anda baixo ou fundo?

Abraço

Rebolo disse...

Boas Marco,
Sim sábado já ta combinado e domingo também, se o tempo o permitir.
Por aquilo que me apercebi neste dia fui lá fora aos 76 metros mas acabei por pescar nos 56 metros Sendo que mais fundo, não vi nada na sonda por onde andei.
Abraço

Marco Aurélio disse...

Boas rebolo
eu vou deixar o vhf ligado axo que é no 63 a escuta caso nao ouca estou no 16 depois passamos para o 6 ou 8,e a embarcaçao e o rio azul 1,e o teu e rebolo nao é?.
eu depois chamo ou tu para falarmos sobre a pescaria, se tiver alguma sorte eu aviso onde estou.
Abraço

Anónimo disse...

Bom Dia a todos. Quero antes de mais deixar aqui expresso os meus parabéns ao autor deste Blog, por toda a dedicação e qualidade de conteúdos.

Sabemos que é algo pessoal, mas todos os amantes da pesca e do Mar gostam da matéria e sentem-se tentados a participar, ou pelo menos disfrutar.

É necessário muitas horas para criar algo deste género mas o efeito Bola de Neve está a aparecer. Continua Tiago.

Em relação às pescas, fica aqui o desafio, para quando uma caldeirada a bordo, com peixe acabado de pescar?
Boas Pescarias a todos
Ricardo Matzinger

Rebolo disse...

Boas Ricardo,
Desde já o meu obrigado pelo comentário, faz sempre bem ao nosso ego ver elogios aqui do blog.
Quanto à caldeirada, quem sabe um dia destes, ou uma massada de peixe a bordo.
O que teremos de fazer brevemente é um jantar aqui por minha casa depois de uma pescaria, para podermos dar continuidade a um dia de pesca no seu todo.
Abraço