segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mais um para as Especies Capturadas

Boas,
O tempo tem andado estranho.
O nevoeiro esteve presente nos três dias seguintes à minha ultima pescaria.
Pescarias combinadas que não se realizaram.
É assim o tempo, incerto como a pesca, uns dias bom, outros nem por isso.
Ontem, para mim, foi mais um dia bom.
Começamos a pesca ao choco aqui no Sado por volta das 9:00, eu o Ricardo Alentini e o Gonçalo.
O Sado estava cheio de embarcações à pesca dos ditos, a maré estava a encher e iniciei a deriva no canal norte, ali ao pé da doca dos pescadores.
Palhaços para baixo e desta vez optei pelo roxo, o Gonçalo um rosa e o Ricardo um vermelho e depois um azul.
A coisa estava fraca, nem picava e todos os pescadores que iniciavam nova deriva diziam isso.
Ainda houve um que me disse que estava a dar raias, ali mais para o meio do Sado ao pé do cabeço.
Ui raias, lembrei-me logo da ultima pescaria em que apanhei duas meninas dessas.
Bem no canal norte a coisa estava fraca como referi e resolvi testar o canal sul, local onde estavam a maioria das embarcações.
Na viagem para o canal sul,  reparei que a boia João Farto, que falei aqui à uns posts atrás já foi virada ao contrario, estando assim neste momento no seu estado normal.
Eu já tinha apanhado dois chocos no canal norte, o Ricardo também e o Gonçalo, que se está a iniciar nestas lides da pesca ao choco, estava com o peso da grade em cima.
Lá fomos para o canal a sul e iniciamos a deriva, pouco depois o Ricardo trouxe um polvo para cima ainda dentro de um alcatruz solto.
 
De repente parecia uma regata só se ouvia dizer vamos para a bóia, aquilo era ver a maioria das embarcações a zarpar para a dita boia.
Tenho pena de não ter a maquina fotográfica para filmar aquilo, cada vez penso mais em adquiri-la, mas a ver vamos.
Eu fiquei onde estava, a observar aquele alarido todo e a pensar, mas o que é isto, está tudo doido. Será que só ali ao pé da bóia é que havia choco.  
Bem fiquei ainda a fazer a deriva por ali e depois naveguei novamente para lá da bóia João Farto.
Vai de começar nova deriva, mas chocos nada.
Ficamos ali no Sado até às 11:30/12:00.
Capturas, seis chocos e um polvo. Sendo o Ricardo o felizardo do dia a apanhar o polvo e quatro chocos.
Fui levar o Ricardo às escadas ali ao pé da lota, pois só podia fazer pesca de manha, já tinha coisas combinadas para a tarde.
E lá segui com o Gonçalo para outra pescaria ao fundo.
Estava indeciso em relação ao local de pesca, queria ter ido testar algo novo ali mais perto da arrabida, mas acabei por ir la fora da barra pescar aos 53 metros, em outro ponto que teria apontado por volta dos 40 metros, mas a batimétrica estava tão próximo da dos 50 metros, que quando parei a embarcação já estava nos 56 metros.
As batimetricas são linhas  traçadas nas cartas, que unem pontos de igual profundidade.
Não tinha muito isco, tinha uns cinco camarões, uma lula, 3 sardinhas que mais pareciam carapaus grandes e quase um quilo de petinga., tudo restos, que foram congelados ainda da ultima pescaria.
E lá fomos nós, a ondulação estava presente, dificultando a navegação, velocidade mais baixa para a embarcação não bater após o passar da onda que provinha de oeste.
Resolvi agarrar-me a uma bóia dos covos, pois a maré estava a iniciar a vazante, e por norma não tenho tanto sucesso em termos de capturas. Prefiro as duas ultimas horas da vazante e as primeiras da enchente.
Também face às previsões de mar alto, se o vento levanta, sairia dali mais rapidamente sem ter que estar a levantar o ferro.
Estava a pescar ali nos 52 metros de profundidade.
Uma e meia da tarde, vai de largar iscas para baixo, sardinha para variar, senti só e unicamente um toque.
Iniciei a pesca com as montagens habituais, a corrente lá em baixo não era forte.
iniciei com uma chumbada de 185 gramas que rapidamente substitui por uma de 160 gramas e com a qual me mantive até ao final da pesca, quatro da tarde.
Após umas cinco ou seis idas lá abaixo de iscadas de sardinha, a coisa já estava a dar mais frutos, não em capturas, mas em roubo de iscas.
Cheguei a um ponto que já me chateava iscar e não sentir nada. Mas a isca desaparecia toda.
Comecei a pensar, mudanças eram precisas.
Mudar de local não me parecia,  pois com o mar assim e o tempo limitado não valia a pena.
Como o mar estava com uma ondulação constante e acima do normal, as previsões eram de 3.0/3.5 metros, mas o vento calmo até as 15:00, pensei em encurtar o chicote do mono-filamento, pois até a ponteira da cana eu meti mais fina e sensível e como a ondulação era constante, não sentia quase nada dos toques, embora tente acompanhar com a cana o balançar da ondulação.
Foi isso que fiz, tinha cerca de 22 metros de mono no chicote, o que era demasiado, mas não quis estragar o resto de mono que tinha aqui e meti-o todo no carreto.
Então vai de retirar cerca de 15 metros de mono.
E de facto a coisa resultou, os toques já eram mais perceptíveis e iniciei então a minha pesca, sim, porque o amigo Gonçalo, resolveu descansar a meio e até a ressonar eu o ouvi, sentado no banco da embarcação encostado ao través de bombordo.
Estava cansado certamente, pois a ansiedade de ir era muita.
Uma foto teria sido muito bem tirada, mas o telemóvel tinha pouca bateria e não a queria gastar face ao estado do mar não fosse ser necessário. 
E foi assim, insistindo e vendo o que estava mal, que consegui dar a volta à situação.
Mais uma vez, achei que todas as variáveis que tenho falado e que vou voltar a referir por ordem, fizeram a diferença.

As iscadas:
É importante retirar as escamas da sardinha. Basta uma escama na frente do bico do anzol para não conseguirmos ferrar um peixe.
O tamanho da isca e forma como se coloca no anzol, pois nem sempre a sardinha é uma isca fácil de por no anzol.
A paragem da linha durante a descida, para minimizar o seio provocado pela corrente.
Após os toques lá em baixo e levantar da cana, perceber se temos isca face ao peso ou não.
A variação de iscas e a forma como a isca se apresenta após ser levantada do fundo. Ruída, esmigalhada, rasgada, tudo isto são factores importantes para ter noção do que anda lá por baixo e como deveremos lançar a próxima iscada.
Devemos variar e testar ao máximo as várias situações de pesca, só assim, sendo persistentes e pacientes poderemos ter algo, nem que seja um pouco de experiência para a próxima pescaria.
Certamente que algumas das coisas que referi acima, não se conseguem nas primeiras pescarias. Mas se as tivermos em consideração em todas as pescarias que fazemos, certamente que se tornam mais fáceis.
Quero aqui realçar que estas e outras dicas foram-me transmitidas teoricamente por muitas pessoas, em especial ao pessoal do Porto de Abrigo, a quem desde já agradeço a disponibilidade e compreensão.
O meu obrigado a todos vós, em especial ao Ernesto Lima,  ao Nuno Paulino e o Vira, que são os que ainda vou vendo e mantenho algumas conversas.
Quero que saibam que na pesca, me considero humilde, só tenho a aprender e pesco como se nada soubesse.
É esse o meu espírito quando vou à pesca.
Ultimamente, já não pesco para apanhar muito, mas para aprender mais.
Assim, venho sempre satisfeito, porque quando não apanho peixe, alguma coisa tiro do mar. Experiência, nem que seja a navegar, eu pelo menos é assim que penso.
Voltando à pesca.
O primeiro a entrar foi um choco, aos 52 metros, um choco e ao fundo, preso no anzol de baixo, isto acontece-me com cada uma.
O segundo foi um besugo, tendo o Gonçalo ainda em acção de pesca dito que já tinhamos o pesqueiro feito.
Mas a meu ver, era cedo para lançar os foguetes.
Os toques começaram a ser mais perceptíveis para mim, devido a ter encurtado o chicote.
E para minha estranheza começaram a subir as sardas.
A estranheza deve-se ao facto de me terem dito que nesta altura as sardas e cavalas vão mais para fora, masi fundo, devido às temperaturas das aguas mais baixas.
O que de facto tem acontecido, nas ultimas pescarias só apanhei uma ou duas sardas.
Mas a coisa estava demais, nas subidas sem isca iam aos anzóis, cheguei a apanhar duas ao mesmo tempo já sem isca e a poucos metros da embarcação a vê-las a vir atrás dos anzóis ou chumbada não sei, mas não tinham isca.
Depois nas paragens do fio, aquando a descida das iscadas, ai eram quase imediatas, até parei um pouco a pesca, para comer algo e beber um chá quente. Já que o amigo Alentini não estava connosco e não havia o belo do tinto que costuma trazer para as jornadas de pesca ao fundo.
Ultimamente é algo que faço, levar um termo com chá quente, sabe tão bem depois de navegar ao fresquinho umas quantas milhas.
Comi, bebi, e fumei um cigarro, tendo voltado à acção de pesca passado uns 20 minutos.
O Gonçalo já estava a descansar nesta altura, foi aqui que o ouvi ressonar, troquei os estralhos que já estavam um pouco enrolados devido às cavalas e vai de iniciar a pesca novamente.
Comecei com sardinha em baixo e lula em cima um toque maior e as cabeçadas constantes era um choupa já razoável, foi à lula.
Nova iscada de lula desta vez em cima e em baixo, e as choupas começaram a aparecer, foram quinze minutos com as choupas, as mais pequenas foram devolvidas ao mar.
Depois veio o polvo, eu já estava a pensar que podia ser uma das minhas amigas raias, mas não, era um polvo. A recuperação da linha e a luta destas duas espécies é muito semelhante, fazem um peso constante, fora do normal, mas cabeçadas nada.
Depois disso, começaram novamente as cavalas, até me aparecer uma luta diferente, era um carapau e um sarrajão, mais uma espécie nova para as Espécies Capturadas.
Deixo aqui umas fotos do mesmo.
 

Dentro de agua, parece um torpedo, com aquela crista levantada, uma luta semelhante ao carapau e à cavala, mas mais intensa.
Reparem bem nos dentinhos do menino.
Mais um dia especial para mim, devido à captura desta nova espécie.
Perguntei lá no Fórum do Porto de Abrigo, que espécie era, pois não a conhecia.
Da ultima vez pensei que tinha apanhado um tamboril e na realidade era um charroco.
Perto das 16:00, acabei a pesca, o mar começou a subir e o vento não se ficou atrás.
A navegação de regresso, foi feita com muita precaução até chegar à entrada da barra.
O Sado, estava uma maravilha para navegar em contraste com o mar que se fazia sentir lá fora.
É engraçado este Sado, por vezes lá fora o mar esta calmo e o Sado todo desordenado com ondulação daqui e dali e correntes da mesma forma. Outras vezes, estão ambos calmos lá fora e aqui dentro e outras mar alto lá fora e Sado, manso como um lago.
É sem duvida um rio que respeito, o maior susto que apanhei foi aqui, neste Sado, quando apanhei com uma pequena onda no través de bombordo que contrariou as restantes de proa, o que me fez andar uns metros de lado com o meu amigo Gonçalo. Isto ainda na antiga embarcação, O Foguete.
Este rio, grandes correntes, onde as ondas se cruzam quando o tempo esta mais ventoso e as marés mais vivas.
E foi assim que acabei o meu dia,  foram 3 horas de pesca ao fundo, para aproveitar os 3 dias atrás, em que não fui devido ao nevoeiro.
Aqui ficam umas fotos da pescaria e da minha nova espécie capturada.

Até à próxima.








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