domingo, 9 de fevereiro de 2014

Época das Douradas - Parte 2


Boas,
Continuando então o post anterior vou deixar o relato das duas ultimas pescarias de 7 e 21 de Dezembro do ano passado, na tentativa de apanhar umas douradas.
Após a pescaria de Outubro e face à falta de tempo para pescar em Novembro, lá estive a rever algumas matérias para tentar minimizar as variáveis.
Uma das matérias revistas foi em relação às iscas, nomeadamente o caranguejo isco que supostamente as douradas tanto apreciam.
Nos anos anteriores as capturas de douradas na sua maioria foram efectuadas com sardinha, embora tenha também utilizado caranguejo, mas foi a sardinha a rainha das capturas e a lula a isca que me deu a captura do maior exemplar desta espécie até hoje. No entanto a lula é isca que não tenho utilizado nos últimos tempos, talvez devido ao seu valor elevado.
Já a sardinha às vezes arranjo alguma com alguns pescadores aqui da doca de Setúbal e tenho conseguido fresca em pouca quantidade mas a um preço atractivo.
Outra isca utilizada é a cavala fresca e recordo-me do meu amigo Mario Baptista, numa das visitas aos meus quintais apanhar uma dourada com cavala que tinha mais de 4Kg. 
Já nestas duas ultimas pescarias que aqui vou relatar, passou da rainha sardinha a rei caranguejo e talvez pela insistência em relação à forma como se coloca esta isca no anzol.
Assim, resolvi rever alguns blogs que acompanho na tentativa de perceber qual a melhor forma de iscar o caranguejo e após rever varias opiniões, fiquei a pensar que teria de testar os réis de toda a forma possível a fim poder tirar as minhas ilações.
Com casca, sem casca, partido ao meio ou inteiro, vivo, com patas, sem patas, intercalado com a rainha no anzol de baixo ou os réis em ambos os anzóis, enfim uma variedade tremenda de forma a poder alimentar quem lá andasse em baixo da melhor forma possível, não fossem elas ter o nome de douradas de tão finas que são na sua alimentação chegando a comer de faca e garfo sem se sentir nada.



  




Como devem calcular todas estas tentativas têm o objectivo de tentar reduzir as variáveis e chegar a uma conclusão. 
Embora estas três pescarias sejam pouco para chegar a uma conclusão definitiva certo é que serviu para ver que durante as três pescarias a maioria dos toques bem como capturas, foram com os ditos réis partidos ao meio com as ultimas patas e sem casca, duas ou três metades.
Deixo umas fotos para terem uma ideia enfiando o anzol por um dos orifícios das patas maiores partidas e saindo o anzol pelo lado partido do caranguejo.


Não quero entretanto me esquecer da rainha que esteve sempre presente, a sardinha continua a ser a isca mais usada pelo menos até fazer o pesqueiro e também a cavala fresca.
Penso que só com o tempo e a experiência adquirida é que poderei comparar e tentar compreender melhor outras variáveis que aqui não refiro, e que certamente são importantes , mas prefiro não opinar em relação a elas, escrevo aqui as minhas experiências de pesca e vou fazendo comparações. O facto de gravar a minha acção de pesca permite-me depois comparar em casa o que aconteceu e como aconteceu o que é certamente uma grande ajuda a comparar algumas variáveis que aqui refiro em relação à minha pesca.

Vou então falar um pouco em relação a outras variaveis .
Outra das variáveis que tenho a vindo comparar foi em relação às marés. 
As capturas destas ultimas pescarias ocorreram todas após a primeira hora da enchente e assim confirma o que tem sido uma constante ao longo destes anos de pesca, fiz sempre melhores pescarias com a enchente do que com a vazante. Sendo também verdade que durante o estofo das marés a captura de polvos ocorreu com maior frequência. Mas isso é algo que também verificava na caça submarina e algo que é partilhado pela maioria dos pescadores.

Em relação à aguagem é difícil para mim dizer algo, sinto que uma aguagem moderada me tem trazido maior sucesso nas pescarias do que uma aguagem forte ou sem aguagem mas é matéria para aprender. 

Outra das alterações que efectuei foi em relação ao tamanho dos estralhos. Os estralhos mais compridos com cerca de metro e meio deram-me também mais capturas em comparação com os estralhos mais curtos e isto certamente se deve à apresentação mais natural das iscas tendo como comparação a captura de pelo menos um pargo em cada pescaria efectuada e uma bela bica da pescaria anterior sempre nos estralhos mais compridos, bem como em pescarias anteriores..

Outra variável que ao longo destes quatro anos de pesca embarcada consegui entender é que os pontos de pesca variam consoante a época do ano, pois tenho garantias de determinados pontos que só dão em determinadas alturas do ano e para comprovar isso na próxima pescaria que tiver bom tempo irei ao mesmo local  e depois deixo aqui o resultado. Até gostava de me enganar e apanhar umas douradas mas fica aqui registado para a próxima pescaria.

A pescaria do foto abaixo foi a de dia 7 de Dezembro. Mais uma que também fui mais tarde e achei engraçado porque um vizinho meu que também faz pesca embarcada me perguntou se iria pescar aquela hora, eram cerca das 10 da manha e estava ainda a preparar as coisas para sair de casa com a embarcação.
É outra das variáveis que penso não ter muito sentido e mais uma vez aqui tenho de dar a mão à palmatoria nas ultimas pescarias fui sempre mais tarde e não é por ir mais tarde que os resultados não tem aparecido pelo que a variável madrugada da pesca cai por cano abaixo.
Neste dia senti que a coisa podia ter sido um dia daqueles memoravel, ao final da tarde por volta das quatro horas o caranguejo desaparecia como nunca antes me tinha acontecido, os toques grandes eram uma constante, assim que as iscas batiam no fundo.
Subi e desci iscadas constantemente e eles não me davam tréguas, sinceramente começaram a aparecer os besugos, as douradas e até um pargo pequeno, mas o pôr do sol nestes dias de fim de ano aparece mais cedo e os dias são mais curtos e infelizmente neste dia não tinha as luzes operacionais o que me levou  a rumar a porto seguro mais cedo, não podendo pescar quando aquilo estava a  ferver já à algum tempo que não sentia aquela actividade fora do normal um autentico frenesim de peixe.
A Geleira ficou mais composta  de besugos e mais umas douradas e um parguinho mas já não os fotografei pois já não havia luz.
É assim a pesca, outros dias virão e também já tenho a situação das luzes quase tratada, só falta montar pois precisei de substituir os cabos eléctricos das mesmas.
Assim, resumindo estas variáveis, é preferível pescar a qualquer hora do que só madrugar para ir a pesca e de preferência apanhando a maré a encher já em acção de pesca.

 


Depois o dia 21, com o Ricardo Matzinger e o Gonçalo, um dia que resolvi serem eles os dois a sondar e fundear.
O Gonçalo tinha acabado de tirar a carta de patrão local e é mais um encartado. Alem disso também tinha acabado de ir ao workshop do Ernesto Lima, "Procurar pesqueiros, sondar e fundear" e assim achei por bem que pudesse pôr em pratica aquilo que ainda estava fresco na sua mente e certamente cheio de vontade para tal.
Sondaram e fundearam, mas tivemos de levantar o ferro e fundear novamente pois não foi facil para o Gonçalo se habituar à sonda e ao gps assim numa primeira tentativa. A deriva estava quase certa mas o ferro foi largado com muita antecedência e ficamos um pouco afastado daquele que foi o ponto com mais actividade após alguma sondagem do local. Mas a coisa até correu bem como primeira vez.
Como devem calcular já me habituei ao meu equipamento electrónico e imagino que o mais difícil é o gps pois é um aparelho portátil com um ecrã pequeno e para quem não está habituado a tarefa fica mais complicada. No entanto dei o meu apoio nas manobras de fundeio.
Assim outra das variáveis que é importante é a manobra de fundeio, mais vale subir ferro e rectificar a posição de fundeio caso a mesma não corra como desejado, do que nos deixar-mos estar e ver o que vai dar perde-se mais tempo mas ganha-se depois em acção de pesca.
E embora esta pescaria tenha sido mais fraca, ainda apanhamos umas douradas sendo que o Ricardo Matzinger foi o homem do dia com o melhor exemplar capturado, uma dourada com quase 2 kg.


 

Em resumo geral e analisando as minhas pescarias desde o inicio da pesca embarcada, só me posso dar por contente, tenho um longo caminho a percorrer de forma a ir reduzindo outras tantas variáveis.
Muito li e muito tentei pôr em pratica muito conversei com outros pescadores que foram surgindo ao longo destes poucos anos de pesca embarcada e garantidamente que toda a informação que li em varias revistas e tudo o que vi  em outros blogs, contribuiu certamente para esta evolução e foi para mim uma mais valia, pelo que deixo aqui um agradecimento especial a todos aqueles que partilham a informação de forma clara e sem rodeios. Sei pessoalmente que não é fácil ter tempo e dedicação para cada espaço.
Uma certeza tenho, se não for lá, certamente que as duvidas se mantém e as variáveis voltam a aumentar pois a pratica é fundamental para poder evoluir e tentar reduzir algumas variáveis.
A teoria é fundamental mas a prática é que nos tira as duvidas e nos faz melhorar.

O tempo tem estado péssimo para pescar, sei que não tenho medo do mar, adoro o mar, tenho sim um enorme respeito, acho que todos devemos respeitar cada vez mais este bem tão precioso, os acidentes acontecem e cada dia oiço mais relatos de acidentes na pesca. Na minha opinião tudo depende na maioria do bom senso de cada um.
Ainda esta semana li no jornal  que se afundou um bote de madeira  na zona da barra e que as duas pessoas a bordo na casa dos sessenta e poucos anos, foram arrastados pelas correntes. Tinham coletes de salvação e foram salvos pela policia marítima já com sinais de hipotermia e transportados para o hospital de são bernardo.


Passando a outro tema importante e que certamente carece de discussão. A nova portaria da pesca ludica.
https://dre.pt/pdf1sdip/2014/01/01600/0047400479.pdf

Ainda à quem diga que o mar é de todos, não sei se será bem assim.
Está cheio de regras e leis sem sentido que nos revoltam e nos fazem pensar que o mar anda como o nosso País. Se se trata de pesca lúdica porque pagamos por ela de todas as formas e pouco participamos na elaboração das leis que regem a mesma. É caso para dizer, assim como o mar também eu tenho os meus dias de revolta. Haja paciência e um bocadinho de estupidez natural como dizia o outro.

No dia 2 Fevereiro lá deu uma aberta no tempo e lá fui eu novamente para o meu escape, desta vez  da  parte da manha para o choco e da parte da tarde para a pesca ao fundo, em outro local mais perto da barra na casa dos 50 metros de profundidade  tendo batido um novo record pessoal na pesca embarcada, mas isso fica para o próximo relato.

Para finalizar fica aqui o único vídeo que fiz da  pescaria do dia 21, tenho filmado pouco a maioria das vezes estou "concentradissimo socio" na ponteira da cana e esqueço-me de carregar no botão é mais uma variavel que me falha como muitas outras.
Até a próxima.









4 comentários:

Anónimo disse...

Viva Tiago,
Gostei de te ver de regresso às lides, ainda por cima com uns peixes bons. Gostei também dos teus "pensamentos". Ver como os outros fazem e fazer igual, é uma grande ajuda para começarmos e resulta muitas vezes. Mas é quando não resulta e quando nos desafiamos a nós próprios que crescemos enquanto pescadores. Quantas vezes não estamos a fazer peixe e muadamos a isaca, a forma de iscar, o tamanho dos estralhos, etcc, e por fim resulta. É isto que a pesca tem de tão especial, para quem gosta e quer evoluir. É por isso que é tão fascinante. Parabéns pelas pescas que vais fazendo
Abraço
João Carlos Silva

Rebolo disse...

Obrigado João Carlos Silva, forte abraço.

AL disse...

Boa tarde,

Com que canas estavam a pescar ? Achei o comportamento delas maravilhoso

Rebolo disse...

Boas,
As canas são todas diferentes.
Eu pesco com uma Made in Portugal podes ver aqui
http://pescaaqui.blogspot.pt/2011/02/os-golfinhos-do-sado-1-pescaria-com.html
A outra cana utilizada é uma tica adamastor II e uma vega, sendo que a unica que tem uma ação mais parabólica é a tica adamastor II, tendo as outras duas uma ação só de ponteira.
Cumprimentos