quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Época das Douradas - Parte 1



Boas,
Nesta época de final de ano cresce a vontade de ir ao mar em busca das nossas amigas Douradas.
Eu pessoalmente tento sempre dar com elas quando ainda andam dispersas a partir do mês de Outubro.
Desde 2011 que tenho escolhido sempre o mesmo local nesta altura do ano pois sei que tenho tido alguma regularidade de capturas desta tão desejada espécie.
Como comparação, também já tentei este local em outras alturas do ano mas nada de especial em termos de pescarias.
Uma vez que a minha embarcação é classe 5, as alternativas não são muitas, pelo que me tenho mantido aqui no meu quintal e a coisa não tem corrido mal.
Aqui nos mares de Setúbal a zona mais conhecida para a captura das Douradas na sua época é a Vereda, mas nem chego lá perto face aos limites da classe da minha embarcação.
Também oiço relatos de pescadores que fazem boas pescarias em outros locais mas também já fora dos limites da classe 5.
Pensando bem não me posso queixar, nas ultimas saídas apanhei bons exemplares por isso só me resta agora bater mais os mesmos locais ou então mudar de poiso e ir para o lado da Serra da Arrábida a caminho de Sesimbra. É uma zona de pesca que não conheço, nunca pesquei lá, mas faz sentido que agora com a zona da reserva por ali possivelmente exista mais concentração de peixe naquela zona ou então está mais encostado à costa e ficando na zona de reserva não se pode lá ir pescar. É tudo uma questão de testar alguns locais novos, só assim poderei saber. 
O meu quintal, como lhe chamo é exactamente o mapa mostrado na foto abaixo onde se podem ver as batimetricas, as quais assinalei com as setas azuis. Têm cerca de milha e meia de distancia entre elas e os declives nessa milha e meia são praticamente inexistentes. Isso faz com que não existam grandes pontões ou cetombas. Os números em cima das setas é a profundidade em metros ao longo dessa linha.
Nesta zona que apresento na carta existe um pontão mais acentuado no local onde se encontra a estrela vermelha que é um pouco abaixo daquela rocha maior que é a conhecida rocha do São Luís.



Assim vou falar um pouco dos "quês" da pesca em relação às minhas ultimas pescarias.
Todos sabemos que a pesca tem as suas infindáveis variáveis, desde o vento, as marés, as correntes, a aguagem, os fundos, as iscas, as montagens, as chumbadas. Enfim, um sem numero de variáveis que certamente com o tempo e experiência adquirida podemos certamente reduzir algumas, de forma a tornar a pesca mais simples e estar mais atento a certos pormenores que poderiam escapar por ter de pensar em tanta coisa ao mesmo tempo.
A sorte ou a estrelinha como muitos chamam também é importante e também pode ser uma variável.
A verdade é que tive algum tempo parado e como em tudo na vida, só posso fazer melhor se praticar mais e assim adquirir mais conhecimentos.
Assim, neste post e no seguinte das duas pescarias de Dezembro vou tentar comparar o que fiz e como fiz de forma a tirar ilações para minimizar as variáveis..
Começando pelo material, mantenho o mesmo que tinha, nos fios as madres gorilla 0,40 com cerca de 2 braças e estralhos, 0,42  com cerca de 60 cms fluorcarbono Revolution da Cormoura, apenas baixei um pouco o tamanho dos anzóis passei de 6/0 para 3/0 e 4/0, de resto tudo igual, umas montagens com anzol mais pequeno em cima 3/0 e outras com o estralho de baixo com cerca de 1,5 m em vez dos 0,70 cms.
Duas Pescarias efectuadas com o Gonçalo e uma com o Gonçalo e o Ricardo Matzinger, nos meses de Outubro e Dezembro.


Na 1ª pescaria com o Gonçalo e cheios de vontade de ir dar com elas a coisa não começou nada bem, foi no dia 26 de Outubro de 2013.
Chegado à rampa com a embarcação vai de tirar a lona de cima da embarcação e quando vou ao trim para baixar o motor nada, nem deu sinal de vida. Upssss....o que será que aconteceu....
Tiro a lona, vou à ignição e a chave tinha ficado lá esquecida e ainda por cima na posição on que gastou a bateria pelo led de ignição.
Onde tinha a cabeça na ultima vez que lavei o barco? O motor possivelmente foi abaixo durante a lavagem e não me lembrei de ir retirar a chave da ignição, pois gora não vale a pena as lamentações.
Vai de colocar a carrinha ao pé da bateria, estender cabos e esperar um pouco a ver se carrega.
Passado uns 2 minutos já tinha trim mas ignição nem pensar, não dava sinal de vida, estava morta.
Feito este cenário, digo ao Gonçalo que vamos dar a pescaria sem efeito. Já eram 10:00 da manha e não iria arriscar ir sem bateria. Ainda pensei, bem é desta que eu experimento ligar o motor com a cordão para ver como é caso aconteça um dia estando lá fora e fique sem bateria, mas não, achei melhor ficar quieto e senti-me derrotado por um esquecimento que me descarregou por completo a bateria.
Voltei para dentro da carrinha e nisto vejo um folheto que me tinham colocado na viatura de uma loja nova de baterias aqui em Setúbal, pensei para comigo isto à coisas do arco da velha.
Lá liguei para a loja para saber se tinham aquele tipo de baterias, mas estava tão perto que certamente seria mais rápido ir lá directamente com a embarcação e via logo o diagnostico da minha bateria.
Chego ao local e após medições a bateria estava mesmo morta e não havia grande volta a dar, só comprando uma bateria nova, pois é uma bateria estanque e não dá para recarregar.
O Gonçalo tanto insistiu a dizer que me pagava a bateria que pensei " bem rachamos a meias que já me dás uma grande ajuda". E assim foi, bateria montada e lá vamos nós para a rampa novamente.
Estava um belo dia de sol, vento fraco, a maré ia encher por volta das 13:00.
Após a viagem até ao local de pesca resolvi fazer algo que já não fazia à algum tempo,eram 12:30 e resolvi agarrar-me a uma bóia dos covos que estava relativamente perto de um ponto marcado em 2011 onde apanhamos 10 Douradas.
Deste modo em vez de sondar e fundear, uma vez que o tempo útil de pesca já não seria muito, agarrei-me à bóia e assim aproveitávamos mais o pouco tempo de pesca ficando a sorte do local ao acaso sem sondagem e fundeio.
E assim começou a pescaria com muita sardinha ao inicio para dar de comer a quem lá andasse e quisesse comer qualquer coisa.
As aguagens eram fortes devido ao inicio da enchente possivelmente e tive de mudar a chumbada para uma de 180 gr e posteriormente 220 gr.
O mar estava com um pouco de ondulação o que dificultou sentir os toques mais discretos.
Depois acalmou um pouco a ondulação e já se começou a ter melhores condições para pescar.
Inicialmente as cavalas apareceram e o peixe miúdo a ratar as iscadas de sardinha.
Depois vai de carregar nas iscadas com 2 a 3 postas de sardinha, guardando o caranguejo para mais tarde.
Posteriormente apareceram então os toques maiores, mudança de iscas para caranguejo, que foi o isco de eleição das últimas três pescarias, batendo a rainha sardinha no que refere à escolha das espécies capturadas,
As cavalas grandes e gordas andavam por lá em abundância e com o caranguejo como isca não iam lá tanto.
E lá demos com elas quatro douradas, uma bica, um pargo e algumas cavalas grandes e gordas com mais de quilo certamente isto em menos de quatro horas de pesca.
Neste dia usei o caranguejo partido ao meio e com casca, iscadas de 2 a 3 metades de caranguejo no anzol de cima 3/0 e 3 a 4 metades no anzol 4/0 intercalando com sardinha ora em cima ora em baixo.
A primeira captura foi no Anzol de cima com caranguejo saindo esta.


Também com caranguejo esta Bica e um pargo, mas já no anzol de baixo e com o estralho de metro e meio.
Peixes que já não apanhava há mais de um ano.


O Gonçalo também com caranguejo mas inteiro apanhou esta.


E também com caranguejo estas duas mais pequenas.


É pena os dias curtos nesta altura do ano com o por do sol mais cedo tivemos de rumar a casa mas sempre pensando nos Quês.
Se tivesse sondado como seria ? E fundeado ? Se tivesse ido mais cedo ?
O sim ou não, a certeza ou incerteza que sempre vai existir. Ao longo do tempo e com a experiência adquirida talvez possa responder melhor a estas variáveis e compreendê-las cada vez melhor.
Sinceramente o mais importante é lá ir e voltar. Quanto ao resto, venha peixe ou não é um extra que quando vem, sabe sempre melhor e completa o dia de pesca certamente com mais satisfação.


A minha pescaria no final já em casa, que bem que me soube este dia, pouco tempo de pesca  mas tempo de qualidade nas capturas coisa que sabe sempre bem.



No próximo post irei então fazer algumas comparações com as pescarias de Dezembro e um vídeo. 
Foi pena não ter usado a camera nesta pescaria, mas quem sabe se não usando a camera eles não picam mais e reduzimos assim já uma variável :).
Até a próxima.















2 comentários:

Ernesto Lima disse...

Viva Tiago!

Bela pescaria e bom relato.

Os meus sinceros parabéns.

Abraço

Pedro Franco disse...

Foi uma boa jornada de pesca, após um atribulado início.
Parabéns e que venham os novos relatos e as devidas conclusões para redução das variáveis.
Um abraço